sábado, 17 de setembro de 2011

Noite Passada



Estava andando sem destino perdida naquele lugar. Queria pular nos braços dele para se aconchegar para sempre. Para não deixa-lo abandonado como estava. Para não ficar abandonada como estava. Não aguentava mais ser mal-tratada, torturada pelo amor. Mas não é bem o amor que faz isso, é a solidão de estar só, é o abandono de ter sido abandonada, e o pior é a dor de não ter sido amada.

Ele estava lá -claro que estava, a garota foi parar naquele lugar justamente por causa dele- sentado, e um tanto lindo. Como sempre! Alias, ele estava surpreendente mente bonito. Com um olhar perdido, uma mão desacompanhada, um sorriso bem forçado, uma felicidade inventada. E o principal: ele estava com ela precisava, sozinho!

Vamos começar bem do inicio. Era quinta feira a noite, a menina se sentia totalmente vazia. Sem ninguém pra contar, ninguém pra abraçar. E ela estava tão diferente de como costumava ser. Se sentia perdida dentro dela mesmo, não queria pensar em nada, mas ao invés disso ela pensava muito, discutia com si mesmo o sentido daquela estranha paixão. Ela pensava nele, naquele abraço, sua companhia, ela queria a ele. Mas não sabia se ele a queria.

Poucos dias antes da quinta feira ela receberá uma mensagem, era ele. Curta mas complicada, a mensagem a deixou completamente confusa. “Estou com saudade” dizia a tal - a droga- da mensagem. Vindo de quem há duas semanas antes disse “Não amo você, não olhe mais na minha cara” o novo recado foi realmente diferente, e estranho. Bem estranho.

Então voltamos a quinta-feira… Ela estava mal, o para piorar seu animo acabará de ler aqueles tipos de livro que destroem o bem-estar de qualquer um. Se pegou chorando, e a vontade de ligar para ele era realmente incontrolável. Fechou os olhos e prometeu a si mesma que iria dormir sem fazer besteiras, nada que a queimasse de arrependimento no outro dia. E assim foi feito…

Amanheceu e ela acordou junto com o sol. Se sentia acabada, destruída por dentro. Ela morria lentamente e ninguém percebia. Levantou com o objetivo de melhorar seu humor, nada como um bom fim de semana para isso… Certo? Não, não para ela. E não nessa ocasião. Nada tirava ele da cabeça, era horrível aquela sensação.

Era sexta-feira e ela estava disposta a sair, - atrás dele, como sempre- queria se divertir já que tinha certeza de que não era possível esquece-lo. Por que então ficar em casa? Pegou suas coisas e aceitou o convite de alguns amigos. Iriam para uma boate qualquer, em algum canto daquela cidade infernal. Claro que essa boate qualquer já tinha um nome, e um objetivo: Ele.

Voltamos agora para quando ela chegou na boate. Ele estava lá também na porta do lugar, e ela estava com “alguém” -entre aspas para das ênfase, já que esse alguém tinha um significado um tanto especial - passou por ele sem ver e foi em direção ao carro, encontrar com outros amigos. Acho que é claro que ela o viu sim, mas não se sentia preparada para chegar perto. Não sabia o que isso podia significar. Não foi ele quem disse “não olha na minha cara”? Ela ia esperar.

Entrou no lugar e com a cabeça erguida olhou ao redor, ele já estava la dentro. Ao lado de outra, quem era ela? o que ela queria? Exagero, ela não era tão obcecada assim. Obcecada ela era sim, mas não sentia ciumes. É do tipo conformada, gosta da verdade só isso. Ela passou direto por ele- o ângulo que ele estava em relação a ela permitia que ele a visse, mas ela não tinha a mesma visão- e esperou um pouco.

Suas amigas então começar a andar, cada vez mais em direção a ele. Até que não teve escapatória, ela foi vê-lo. Foi difícil, os segundos se esticaram, e pareceu uma eternidade o “oi” mal dado, e o beijo estalado na bochecha - bem que ele podia ter virado o rosto. A garota virou as costas e saiu andando, mas sentia o peso dos olhos dele a acompanhando até que se perdeu de vista.

Parada do outro lado do salão, eles se fitavam com frequência. As vezes seus olhos se encontravam, e eles se encaravam por longos segundos. Vezes alguém passava na frente deles atrapalhando o campo de visão e eles se distraiam, ou os amigos os chamavam e então eles desviavam os olhares. Depois disso ambos fingiam nada ter acontecido. Fingiam que o calor dos olhares se encontrando não os incomodou.

Certo tempo depois, alguns minutos para ser mais exacta, o telefone tocou ela foi procurar um lugar mais quieto onde ela possa atender. Nas escadas, o único lugar que se pode conversar, em paz. Ao olhar para trás toda tranquilidade que ela queria sumiu de repente. Era ele, subindo as escadas. Chegando perto dela ele parou. E inesperadamente começou - sim, ele começou- a conversar:

— Você está bem?

— Estou.

— Vai embora como?

—Não se preocupa.

ele sai…

— Espera, não pode deixar - disse a garota.

ele vai sobe as escadas e desaparece no lugar.

Já destraida ela resolve dar uma volta, dessa vez sozinha, sem as amigas. Sabia exactamente onde ele estava. Evitou passar por lá, mas não conseguiu ficar sem olhar. Quando virou seus olhos em direção a ele, viu que os olhos do seu pequeno a observava a tempos. Com o mesmo brilho no olhar da primeira vez que eles se viram. Foi esse brilho no olhar que a fez apaixonar, foi aquele sorriso aberto que a fez se entregar. Ela o ama, e é quase impossível deixar de amar. Ele a olhava com um olhar apaixonado, que a confundia mais ainda.

Se afastou e não muito tempo depois viu ele se aproximar. Como sempre o coração acelerou, e desejo aumentou. Ele parou a lado dela e novamente começou a conversar. Com aquele jeito descontraído ele a encanta, a fascina, a ilude tanto. Ah é, ele a parou para conversar:

— Como você está? Tem mesmo como ir embora?

— Já me perguntou outras vezes, estou bem, e não se preocupa.

— Se não tiver um jeito de ir embora me fala

— Tudo bem…

— Seu perfume é muito bom.

Constrangida ela virou e foi conversar com as amigas. Totalmente confusa, o que ele realmente sente? Nada! Deve ser tão útil ter um coração de gelo - Não sei se é o caso dele, espero que não - não se apaixonar, não sentir nada. Ser absolutamente livre!

Ela se sentia desamparada pela vida. Ele foi embora sem nem dizer “adeus”. Por que se preocupar tanto? Ele nunca diz nada mesmo. Ela o queria, queria muito. E ele? mistério …

Nenhum comentário:

Postar um comentário